
O modo como a violência subjacente à ocupação de territórios é integrada no imaginário coletivo desde tempos ancestrais é abordado por Julião Sarmento em Santuário do Endovélico (1985), com uma figura da mitologia celta. Enquanto divindade solar e telúrica, em simultâneo, o Endovélico funciona como agente de proteção e segurança. Na pintura de Sarmento, esta figura grotesca, mas luminosa, ergue-se e dissemina-se por todo o espaço, até ultrapassar os limites da tela; enquanto um guardião medieval fecha o espaço de modo ameaçador. A entrada no interior do santuário estará, então, destinada ao confronto com cruzes, espirais e labirintos que deixam à deriva e quase sem vida – como a figura azulada do lado esquerdo – todos os cativos de estratégias geopolíticas que ostentem um carácter predador. [Fernando J. Ribeiro]
Exposições coletivas
2024: MICROPOLÍTICAS: Obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, Centro de Arqueologia e Artes de Beja, Portugal
Bibliografia
Fernando J. Ribeiro, «Micropolíticas» in MICROPOLÍTICAS: Obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado. Lisboa: Maiadouro, junho de 2024, cit. p. 17, rep. p. 28, 55.