«FRESH BREEZE», em Berlim, até 12 de janeiro

Publicado a 26 Dezembro 2023
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A exposição Fresh Breeze apresenta obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado Português e pretende ser um incentivo à descoberta de um núcleo de obras da mais recente geração de artistas portugueses. Fernão Cruz, Isabel Cordovil, Luís Lázaro Matos e Mariana Gomes, nasceram em Portugal na década de oitenta e noventa e pertencem a uma jovem geração de artistas que desenvolve um trabalho em vários media, a escultura, a fotografia, a pintura e a instalação vídeo.

Vista da inauguração

Através deste conjunto de diferentes autores e tipologias de obras, ensaiamos uma aproximação a diversas práticas, linhas de trabalho, de pensamento e reflexão produzidas por artistas que têm em comum o uso da ironia no tratamento dos seus temas e o apelo ao humor na convocação de certas relações entre as formas plásticas, concretas, físicas e as ideias, num jogo claramente atento ao caráter literal e metafórico das imagens e do discurso.

Endereçando um convite à experiência da dimensão lúdica da arte e ao jogo coletivo, a exposição destaca obras que dialogam com a vida de uma forma próxima, porosa e flexível, sem prescindir, por vezes, de uma abordagem interventiva e crítica na relação com determinadas realidades culturais e sociopolíticas.

Incontornável e com forte presença no espaço da exposição, a peça escultórica de Fernão Cruz, Excalibur (safe place) (2018), apresenta-nos um encontro com um corpo insólito. Transportando-nos para a lendária e mágica história do Rei Artur, esta curiosa figura escultórica, oferece-nos uma visão risível e burlesca do humano. Um objecto que assenta em referências cenográficas e da banda desenhada, com fortes ligações às visões hiperbólicas e desconcertantes do universo infantil.

A ironia convocada na obra deste artista está igualmente presente nas outras peças aqui reunidas. Isabel Cordovil, mostra-nos There won’t be any miracles for us (2020-2021), onde evidencia uma consciência crítica sobre os modelos de autoritarismo de género, religiosos, sociais e estéticos, bem como uma posição de reivindicação sobre a identidade de género e as questões feministas.

Através de uma prática artística que se estende ao desenho, à pintura e ao vídeo, Luís Lázaro Matos apresenta Tomber Dans Le Lac (2018), na qual conjuga elementos cenográficos, sobretudo ambientes delirantes e fantasistas, com a teatralização de diálogos e discursos falados que englobam personagens e figuras próximas da animação e da banda desenhada. Na tela e no vídeo, destaca-se uma moreia, de tratamento híbrido, meio animal, meio humano, que vai expressando a sua história familiar e quotidiana, bem como as suas dúvidas existenciais de uma forma quase poética e muito envolvente.

Neste grupo de obras encontramos também a pintura singular e expressiva de Mariana Gomes, Sem Título (2019), artista que procura contrariar a normalização e a uniformização da prática de pintura, explorando a leveza, a componente lúdica e mais livre dos temas e das formas, em representações fortemente plásticas que conjugam apontamentos e mutações entre a figuração e a abstração. Nesta obra, ganham sobretudo presença as referências à história da pintura, seja da pintura italiana de figuras como Tiepolo, seja do surrealimo onírico, em paisagens e jogos de perspectiva que fazem acentuar o carácter ficcional da prática artística.

Resultante de uma parceria entre a Direção-Geral do Património Cultural e a Embaixada de Portugal em Berlim, esta iniciativa pioneira faz parte do programa de circulação internacional da Coleção de Arte Contemporânea do Estado Português que visa a projeção e internacionalização de artistas portugueses.

Curadoria: Sandra Vieira Jürgens

Local: Kunstraum Botschaft
Zimmerst. 55, 10117 Berlim