
Através de diferentes linguagens e suportes (desenho, pintura, gravura, artes gráficas, cerâmica, azulejo, vitral, tapeçaria, escultura) António Charrua desenvolve um vocabulário marcadamente abstracionista, sensível às correntes e problemáticas da pintura expressionista europeia e americana. Durante os anos 60, o seu trabalho resulta essencialmente desse cruzamento e interrogação constantes acerca das estéticas dominantes na cena artística internacional, vagueando entre o informalismo, a abstração formal e mesmo da Pop Art, num exercício pictórico onde a cor pura acaba por fazer valer uma extrema sedução, organizando uma opticalidade muito particular e original no contexto da pintura portuguesa. Aliás, a definição de campos de cor contrastantes, será responsável na segunda metade de 60 pelo vigor de um gestualismo que, todavia, nunca abandonará, como nesta tela circular, a festividade das cores puras, valor quase sempre essencial nas suas composições. [David Santos]