artista
Lourdes Castro
biografia
Funchal, Portugal, 1930 - Funchal, Portugal, 2022
título
Sombras deitadas, 1969
obra
Sombras deitadas
inventário
SC 50
proprietário
Coleção de Arte Contemporânea do Estado (em depósito no Museu de Arte Contemporânea de Serralves, Porto)
categoria
Instalação
técnica
Tecido bordado à mão (violet)
dimensões
275 x 218 cm
descrição

A materialidade do trabalho artístico de Lourdes Castro apresenta uma subtileza diáfana, tanto no seu aspeto formal ou volumétrico como na sua expressão de criatividade e comunicação, num arco de soluções práticas que vai do objetualismo reciclado dos anos 60 à poetização e materialização estética da sombra, esse perfil cósmico com o qual a artista sempre se identificou. Seja na produção de objetos de diversa origem, cor e materialidade, ou em instalações ou assemblages de cariz intimista, as suas Sombras Recortadas, assim como as Sombras Projectadas (na vertical, sobre a parede ou sobre a tela), os orientalistas Teatros de Sombras ou as Sombra Deitadas (sobre lençóis), constituiriam as modalidades essenciais do seu amplo conceito de «Sombra», numa peculiar reinvenção criativa e artística, que definiu a sua imagem autoral desde os anos 60 e 70. Em lençóis bordados e expostos na horizontal sobre colchões, que ganham desse modo uma rara evanescência, em plexiglas, papel, plástico ou acrílico fluorescente recortados ou pintados, Lourdes Castro amplifica a dimensão bidimensional da ideia de quadro, conferindo-lhe uma nova espessura ou tridimensionalidade visual, aí se paradoxalizando o conflito artístico da época, entre a objetualização e a desmaterialização da arte, dessa forma abandonando a questão, antes primordial, da representação. Esta só interessa à artista na perspetiva de uma subtileza vital, como um espectro no limiar da passagem, o ínfimo registo na longa temporalidade. [David Santos]


Exposições coletivas
2024: JARRA HUMANA: Obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, Museu de Arte Contemporânea de Elvas, Portugal

Bibliografia
Francisca Portugal, «HUMANO-COISA» in JARRA HUMANA: Obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado. Lisboa: Imprensa Nacional – Casa da Moeda, outubro de 2024, cit. p. 10, rep. p. 16-17, 49.