
A violência exercida no campo da intimidade pessoal pode conduzir à consideração do outro como um objeto, que estaria sempre disponível para as investidas de quem detém o poder. Assim sucede em Dirty Mind (1995), de Luísa Cunha, com uma persiana constituída por pequenas tiras, que lhe confere leveza visual, tornando-se sedutora ao ser tingida de vermelho. Mas esta atmosfera vagamente erótica é interrompida, dado que a persiana é colocada contra a parede e, portanto, convertida num objeto; mas com uma das tiras ligeiramente levantada, de onde surge uma voz feminina monocórdica, entoando uma ladainha: “I saw you, going in, going down, disappear, getting near, going out.” Expulso da envolvência erótica, o observador é tido como um fetichista que, na sua “dirty mind”, transforma o que deseja num objeto, que julga poder utilizar consoante os seus impulsos perversos lho ordenam. [Fernando J. Ribeiro].
Exposições coletivas
2000: Initiare, Centro Cultural de Belém, Lisboa, Portugal
2001: A Casa do Colecionador, Experimenta Design, Feira Internacional de Lisboa (FIL) – Intercasa, Lisboa, Portugal
2003: Continuare – Trabalhos da Coleção IAC, Bienal da Maia – Maia: Centro Comercial Venepor e Fórum da Maia, Portugal
2018: Júlio Pomar, Luísa Cunha: O material não aguenta, Atelier – Museu Júlio Pomar, Lisboa, Portugal
2022: Porquê? A arte contemporânea no Centenário de nascimento de José Saramago, Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa, Portugal
2024: MICROPOLÍTICAS: Obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, Centro de Arqueologia e Artes de Beja, Portugal
Bibliografia
Fernando J. Ribeiro, «Micropolíticas» in MICROPOLÍTICAS: Obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado. Lisboa: Maiadouro, junho de 2024, cit. p. 20, rep. p. 34, 89.