
Em Promenades au désastre (2001) a esperança e o pessimismo convivem lado a lado, numa imagem em que a realidade advém do cenário, e toda a encenação se torna em parte real, em parte fictícia. Nesta fotografia, como em outros dos seus trabalhos, a partir da inscrição de situações cuidadosamente construídas e encenadas, que tomam por referência determinadas circunstâncias da experiência individual e coletiva, quotidianas e históricas, João Tabarra apresenta um panorama de ambientes onde aflora a tematização das dimensões reais ficcionais e utópicas do viver. Neste caso, ganha um valor preponderante a escolha do lugar, uma paisagem à beira-mar, que, sendo um espaço real, é também aqui palco da evocação de experiências metafóricas, assentes numa composição que destaca a paisagem física e humana, um corpo de água imenso e a interrelação das personagens com esse espaço que as rodeia, onde o próprio artista, na condição de personagem anónima, contracena com uma fada. [Sandra Vieira Jürgens]
Exposições coletivas
2024: IMAGINÁRIO COLETIVO: Obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, Museu de Aveiro / Santa Joana, Aveiro, Portugal
Bibliografia
Sandra Vieira Jürgens, «Ecologia de uma Coleção» in IMAGINÁRIO COLETIVO: Obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado. Lisboa: Imprensa Nacional–Casa da Moeda, agosto de 2024, cit. p. 10, rep. p. 18, 24, 31, 33, 58-59.