
José Maçãs de Carvalho tem vindo a afirmar-se, desde os anos 1990, como um dos mais prestigiados artistas do panorama nacional ao nível da fotografia e do vídeo, ao conciliar de modo reflexivo a matriz conceptual e imagética intrínseca a esses meios disciplinares. A pertinência dos dois trabalhos pertencentes à Coleção de Arte Contemporânea do Estado – um em vídeo, Arquivo e democracia (still), e outro em fotografia, (Untitled (HK#10) – decorre da singularidade desta obra, na qual o vídeo e a fotografia se constituem como sintagmas do mesmo discurso interrogativo sobre a imagem. Na sua obra é recorrente a ideia de “fraseimagem” (Rancière) não como artifício, mas impressa na pele do real, porventura da ordem do obtuso como “um acento… uma emergência” (Barthes), reforçando a relação de opacidade entre a imagem e o real. [CAAC 2020]