
Cruzando questões que se situam nos domínios da autobiografia, arquivo e problemáticas pós-coloniais, a obra de Manuel Santos Maia enquadra-se claramente numa das grandes tendências da prática artística internacional. Recorrendo a múltiplas formas de documentação, enunciando e denunciando as estratégias do colonialismo português, através da história da sua própria família que viveu em Moçambique, somos confrontados com uma sustentada crítica ao domínio colonial, especificamente o caso português, e à respetiva imposição de sentido. Alheava_film foi apresentado pela primeira vez no Iowa, em 2008, e premiado no FIAV.08 e na Argélia, com o Prix Ibn Batuta. Em Portugal, foi apresentado em diversas instituições, entre as quais o Museu de Serralves. A singular consciência crítica presente nesta obra espelha o alheamento português, individual e coletivo, face ao seu passado colonial e pós-colonial em África. Problematizando a suposta identidade nacional, o filme aborda a complexidade da designada “questão colonial”, assim interpelando esse alheado lugar: o da (nossa) própria memória. O lugar da história. [CAAC 2020]