![S. M. [Santa Maria]](https://colecaodoestado.pt/_cace/wp-content/uploads/2021/09/06_Joaquim-Rodrigo_S.-M.-1961_foto-cortesia-Fundaoúo-de-Serralves-Porto-1200x799.jpg)
Descoberta a pintura moderna como um sistema semiológico, Joaquim Rodrigo vai aliar nos anos 50, e para sempre, as suas duas grandes fontes de informação: a ciência e a arte. A partir daí, o desígnio do seu projeto criativo vai procurar entender a abstração geométrica não já como uma transcendentalização metafísica, como no primeiro Kandinsky ou, de outro modo, em Mondrian ou Malevich, mas enquanto novo e radical conceito operatório, partindo da ideia de uma mudança de paradigma essencial na história da arte. O “quadro” passa então a ser entendido como espaço de investigação perceptiva, jogado a partir de uma arquitetura de composição, buscando sempre a essencialidade bidimensional da tela, e recorrendo para isso a fortes contrastes formais ou lumínicos, em oposições constantes estabelecidas entre linhas, formas puras ou orgânicas e cores complementares. Porém, os anos 60 representam para Rodrigo uma transição processual decisiva, optando primeiro por uma preocupação crescente com a importância da cor na composição do quadro e, depois, pela criação de um vocabulário simbólico definidor de uma pintura onde a consciência política e social se mistura com as memórias pessoais ao convocar ambíguos signos figurais e verbais, como neste S.M. [Santa Maria] – uma críptica evocação do assalto oposicionista de Henrique Galvão ao paquete português Santa Maria, em 1961, chamando a atenção da imprensa internacional sobre o isolacionismo e a falta de liberdade em Portugal durante o regime salazarista – assim como em S.A. – Estação (desse mesmo ano), ou ainda em Liberté, datado já de 1963. [David Santos]
Exposições coletivas
2024: IMAGINÁRIO COLETIVO: Obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado, Museu de Aveiro / Santa Joana, Aveiro, Portugal
Bibliografia
Sandra Vieira Jürgens, «Ecologia de uma Coleção» in IMAGINÁRIO COLETIVO: Obras da Coleção de Arte Contemporânea do Estado. Lisboa: Imprensa Nacional–Casa da Moeda, agosto de 2024, cit. p. 12, rep. p. 31, 33, 67.