
Entendida como uma espécie de obsessão dialética, na fronteira entre o desenho e a pintura, a obra de Jorge Martins explora há várias décadas, pelo menos desde os anos 60, os insondáveis ângulos desse mistério ancestral a que chamamos luz. Da representação dos seus efeitos ilusórios ou dos jogos sempre reinventados em diálogo e confronto com a antípoda sombra, recorrendo com frequência a um tromp l’oeil muito particular, o artista reinventa o espaço, os objetos, a sua imagem e projeção pictóricas, confirmando aí o registo livre e intrínseco do desenho, a sua linearidade real ou virtual, ao inscrever na superfície da tela ou do papel uma subtil poética que não esquece ainda, como em Labririnto, a exploração da sua dimensão cromática, neste caso tendencialmente abstracta. [David Santos]